Responsabilidade social

Flores do bem

Domingo, pouco mais de 11 da manhã. Dezenas de arranjos florais chegam ao ateliê de Helena Lunardelli, no Alto de Pinheiros, todos provenientes de grandes eventos realizados no dia anterior. Até quarta-feira, as mãos hábeis de voluntários transformarão as flores e folhagens em buquês e pequenos arranjos, que serão entregues a moradores e funcionários de asilos de São Paulo. Todas as semanas, é essa a rotina do Flor Gentil – um projeto idealizado em 2007, mas que só saiu do papel há menos de dois anos.

Arranjos utilizados em festas ocorridas no dia 

anterior chegam ao ateliê de Helena Lunardelli, 

que também é a sede do projeto.

Tudo começou, na verdade, quando Helena – que há quase 10 anos assina a decoração e a cenografia de festas e campanhas publicitárias – se deu conta de que faltava algo na sua bem-sucedida vida de florista: somente ganhar dinheiro não lhe bastava. Além disso, há muito tempo outra coisa a inquietava: o desperdício de flores gerado em seu trabalho.

Foto: Divulgação

“As flores”, explica Helena (foto ao lado), “vão para o lixo porque existe toda uma logística na montagem de um evento. Vendemos uma decoração para um casamento, por exemplo; amanhã temos outra festa imensa, mas dificilmente com as mesmas flores. E, como elas são perecíveis, fica difícil reaproveitá-las”.

O Flor Gentil mostrou-se a receita perfeita não só para reciclar os arranjos, mas também para que a florista realizasse um velho sonho: fazer um trabalho para idosos. “Eu sempre tive uma ligação muito forte com os meus avós e tenho um carinho muito grande pelos idosos. Como trabalho com flores, uso os nossos arranjinhos como um veículo para chegar até eles”, conta Helena.

Liliana Gambini e Elaina Moura, voluntárias do
Flor Gentil, escolhem as flores que serão reutilizadas.

A cada visita, o grupo que faz a entrega das flores vai criando um vínculo com os moradores dos asilos. E, segundo a florista, a certeza de que em poucos dias ele estará de volta faz toda a diferença para aqueles que nunca ou raramente podem contar com a presença de familiares e amigos.

Fundo Gentil – Além desse trabalho voltado para os idosos, o projeto desenvolve ainda duas outras atividades: o Fundo Gentil e o Voluntário Profissionalizante, ambos para pessoas carentes. “O primeiro”, explica Helena, “é uma espécie de Porta da Esperança das flores: a pessoa nos envia uma carta ou um e-mail contando sua história, verificamos a sua real necessidade e doamos o que ela precisa para a sua festa – 10 centros de mesa e dois arranjos maiores para o bufê, por exemplo”.

Elaina prepara arranjos que serão
entregues aos idosos.

Já o Voluntário Profissionalizante é dirigido para aqueles que desejam trabalhar com flores e não têm condições financeiras de pagar um curso. No Flor Gentil, além de o aluno fazer 22 horas-aula com a própria Helena, seu portfólio é enviado para doadores do projeto – floristas e decoradores que poderão empregar os novos profissionais.

Em pouco tempo, o Flor Gentil cresceu mais do que se poderia esperar. Em menos de dois anos, ele já atende 12 instituições e conta com uma lista de 500 voluntários, que se revezam na execução das tarefas. Mas para Helena Lunardelli ainda não é o bastante: seu sonho agora é poder dedicar-se totalmente ao projeto e espalhar gentileza pelo Brasil afora.

Saiba como ajudar

• Se você é florista, decorador ou vai dar uma festa, doe os arranjos do evento. Basta ligar e o Flor Gentil agendará a retirada das flores.

• Seja um Patrocinador Gentil: faça um depósito bancário para o projeto ou compre uma de suas cotas anuais.

• Inscreva-se como voluntário para fazer os arranjos e visitar os asilos. 

• Adquira por R$ 5,00 um adesivo Flor Gentil (acima).

Serviço

O Flor Gentil fica na Rua Raul Adalberto de Campos, 101, São Paulo, SP. Mais informações pelos telefones (11) 3031-5861 e (11) 8101-7333. Site: www.florgentil.com.br; blog: florgentil.blogspot.com; e-mail: contato@florgentil.com.br. Horário de trabalho: domingo, das 11 às 15 horas, e de segunda a quarta-feira, das 10 às 17 horas.